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Câncer do Peritônio




O mecanismo de disseminação de um câncer pode ocorrer por 3 vias prinicpais: disseminação linfática, hematogênica e peritoneal. Nos casos de invasão da circulação linfática, as células tumorais vão migrar até os linfonodos ou gânglios próximos ou distantes ao órgão, desenvolvendo as metástases linfáticas. Quando ocorre a invasão de vasos sanguíneos, as células do tumor migram até um outro órgão, sendo mais comum o fígado e o pulmão, desenvolvendo as chamadas metástases hematogênicas. E por fim, alguns tumores abdominais se espalham a partir de células que se desprendem de sua superfície e se implantam em outras áreas, na superfície das vísceras abdominais e da parte interna da parede abdominal que são revestidas pelo peritônio. O peritônio é uma membrana que reveste a parte interna da cavidade abdominal e recobre órgãos como o estômago e os intestinos. Toda essa camada é rica em vasos do sistema linfático, que funcionam como sistema de defesa do organismo. Esse cenário dá origem a uma situação chamada de carcinomatose peritoneal, isto é, presença de células tumorais espalhadas na superfície dos órgãos abdominais (peritônio).

Tumores originários de diferentes órgãos podem gerar carcinomatose: intestino grosso, apêndice, estômago, ovário, útero, etc. Existem também alguns incomuns tipos de tumores que se desenvolvem a partir do peritônio, ou seja, são primários.

O quadro de carcinomatose peritoneal atualmente é mais apropriadamente denominado metástases peritoneais, devido ao significado pejorativo que o termo carcinomatose possui de doença intratável. Em função da existência de células espalhadas na superfície dos órgãos abdominais, de maneira geral considera-se que as metástases peritoneais representam uma fase avançada do câncer. Esta condição, apesar de não representar uma disseminação sistêmica da doença, ou seja, por todo o corpo, está associada a um prognóstico e sobrevida muito limitados, sendo que sem tratamento condiciona uma sobrevida média de cerca de seis meses.

Tipos de Câncer de Peritônio

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  • Primário: o câncer primário, ou seja, que começa no próprio peritônio é considerado raro, acometendo algo em torno de quatro ou cinco pessoas numa população de 100 mil. Ele se forma na própria membrana e se apresenta como dois tipos: o mesotelioma peritoneal, um pouco mais comum; e o carcinoma primário do peritônio, mais raro.

  • Secundário: é mais frequente que o tipo primário, se inicia em algum outro órgão - sobretudo intestino, apêndice cecal, ovário, útero, estômago, pâncreas – e posteriormente se implanta no peritônio, como metástases. Ele é conhecido como carcinomatose peritoneal e, mais adequadamente, metástases peritoneais. Um cenário muito comum é o tumor mucinoso originário do apêndice cecal que quando se dissemina pela cavidade recebe o nome de Pseudomixoma peritoneal.

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Ao se deparar com um caso de metástases peritoneais, é preciso iniciar uma ampla investigação para tentar identificar onde a doença teve início, já que a grande maioria dos casos de tumores no peritônio são metástases de outros órgãos. Caso não seja identificado o foco inicial da doença ou havendo suspeita de um câncer primário do peritônio, então é realizado um método mais invasivo de diagnóstico, a laparoscopia com biópsia (retirada de fragmentos para exame com auxílio de uma câmera introduzida pelo umbigo). Este material é analisado pelo patologista que nos informa a provável origem do tumor primário que gerou as metástases peritoneais e nos guiará no tratamento do paciente. Principais sintomas

Os sintomas da doença podem incluir dor abdominal, massa abdominal, aumento da circunferência abdominal, distensão do abdômen, ascite (líquido livre no abdômen), febre, perda de peso, fadiga, anemia e distúrbios digestivos.

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Tratamento

O quadro de metástases peritoneais é tratado, habitualmente, com quimioterapia por via venosa. Nos casos de implantes peritoniais de tumor mucinoso de apêndice (Pseudomyxoma peritonei) e mesotelioma, a melhor forma de tratamento é a cirurgia citorredutora que consiste na retirada de tudo aquilo que é visível e na perfusão da cavidade abdominal uma solução contendo quimioterápicos aquecida até 42ºC, conhecida como HIPEC. Essa modalidade de tratamento também pode ser usada para alguns casos selecionados de carcinoma primário do peritônio, câncer no ovário e intestino grosso, na maioria das vezes, após quimioterapia venosa. Nesses casos, a quimioterapia intraperitoneal não é o tratamento padrão e sim alternativo em casos específicos.

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